quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Mínima

"Penso, logo penso."

domingo, 20 de outubro de 2013

Descoberta

Há mais de 45 anos vive um homem numa ilha tropical no meio de um Oceano. Não se sabe exatamente como ele surgiu na ilha, a lenda reza que ele apareceu um dia a beira da praia enrolado numa alface. Alguns dizem que era uma alface roxa, outros que era americana. O fato é que ele cresceu sozinho, sem qualquer contato com outros seres humanos ou indícios de civilização (o mais perto que ele chegou dela foi quando o narrador (eu) viu um documentário na televisão sobre a ilha).

Também sozinho ele aprendeu a sobreviver. O que não foi exatamente difícil, visto que o solo local era especialmente fértil, permitindo que ele obtivesse boa parte de sua alimentação da flora. A outra parte era suprida pela caça de coelhos, tão férteis quanto a ilha. Essa combinação, de proteína e subir em árvore,
vitamina e correr atrás de roedores (o correto seria lagomorfos, mas o homem não sabia disso pois não assistia canais televisivos sobre o mundo animal) fez com que seu corpo se desenvolvesse e, contrariando o estigma de franzino que os habitantes de lugares desertos comumente recebem, ele se tornou bastante forte. Estima-se que, na época,  ele conseguiria pegar cerca de 40kg de cada lado no supino.

Essa longa jornada, que se estende até os dias de hoje, foi marcada por diversos acontecimentos, alguns memoráveis, outros nem tanto. Como da vez que encontrou um coelho marrom, algo raro na história do homem visto que quase todos os coelhos do local eram brancos. Outra vez ele jogou uma pedra na água e ela fez um barulho diferente do habitual "BLUP", algo como "PLUM". Mas esse não foi um momento marcante e ele esqueceu-se do barulho da pedra poucas horas depois.

Certo dia, e esse sim foi um dia memorável, o homem estava sentado batucando com gravetos e pedras, como gostava de fazer nos fins de tarde. De repente, uma faísca surgiu e começou a queimar lentamente um dos palitos de madeira. O homem permaneceu atônito enquanto observava o fogo se espalhar por algumas folhas velhas que estavam perto e formar uma pequena fogueira. Estava maravilhado, nunca havia visto algo semelhante àquilo. Pensou em como poderia se aproveitar do calor no dias frios, ou da luz nas noites escuras. Aquela era realmente sua maior descoberta, algo que mudaria definitivamente seus dias na ilha.

Mas, poucos minutos depois desse acontecimento, um grupo de pessoas surgiu atrás de um arbusto e começou a jogar tomates em sua direção, apontando o dedo indicador enquanto vaiavam o homem. Chegaram diversas cartas, escritas em letras irritadas, que demonstravam indignação na própria grafia. Houve ainda multas por plágio e punições por quebra de patente. Fora o balde de água jogado imediatamente na fogueira, seguido por pisões impetuosos sobre os pequenos troncos de madeira aos gritos de "paga-pau!" e "copião!".


Aparentemente, alguém havia descoberto o fogo antes dele.

domingo, 13 de outubro de 2013

Paralelismo Gastrônomico

-Amor, o que você acha de dividir esse peixe ao molho pesto?

-Achei que você não gostasse de manjericão.

-Não amor, eu gosto. O que eu não gosto é violência urbana.

-Verdade.